terça-feira, 17 de março de 2015

A FLOR NEGRA


A FLOR NEGRA

Nos quartéis o sangue se constrói em mancha lenta
e corre pelas mãos, armado de ódio

Nos quartéis o sangue escorre pelas botas o sufoco
da liberdade

Nos quartéis o sangue enegrece as ideias
dos que são comandados pela coagulação do sangue

Nos quartéis o sangue aquartela o comando
daqueles que são comandados pelo sangue

Nos quartéis o sangue não esconde a sua tirania
e pisa a flor no dever de cumprir sua missão sanguinária

Nos quartéis o sangue congela a mente do soldado
que caminha como gado o terror marcial

Nos quartéis o sangue se espalha entre os débeis
e ninguém fica a salvo dos tiros mortais do autoritarismo

Nos quartéis o sangue anuncia a morte
do ato de escolher entre o sangue alheio ou a doação

Nos quartéis o sangue confina o pensamento
no sangue que não circula livre

Hideraldo Montenegro