O
TABULEIRO
ispo 6, casa do
rei. Sequer pensou. Fez a jogada automaticamente. Estava reclinado sobre o tabuleiro,
com os óculos na ponta do nariz, a barba para fazer, os cabelos despenteados e
precisando de uma boa lavada. Era um ateu que desprezava os bens materiais. Ou
seja, era um materialista que não dava importância à matéria. O mero
consumismo, para ele, era uma agressão ao espírito humano.
Jogou e permaneceu na mesma posição com a mão direita no ar, como uma
fera que está atocaiando a presa, esperando a minha próxima jogada. Fiquei
indignado. Afinal, havia levado dez minutos pensando em minha jogada. Perdi o
interesse.
Já não estava mais ali. Meus pensamentos começaram a
divagar. Para variar, Helena ocupou a minha mente. Aliás, bastava ficar quieto
e ela surgia para mim como um fantasma. Todas as horas em que aparecia algum
espaço Helena ocupava a minha mente. Não eram pensamentos dos mais elaborados.
A sua imagem me aparecia desnudando-se. Ah, o desejo! Era tomado completamente!...
Hideraldo Montenegro
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