O PÓS-VIDA E A
ILUMINAÇÃO
Por que nascemos? A
consciência sobrevive à morte física? Como é nossa consciência livre do corpo
material? Por que precisamos atingir a iluminação?
Todas as religiões e correntes espiritualistas tentaram
responder estas perguntas e cada uma chegou a uma concepção, às vezes até,
divergente e conflitante. Todas dizem ter chegado a uma verdade definitiva e,
assim, tentam combater aquelas que são diferentes das suas. Não aceitar o
pensamento diferente, neste aspecto, é a base de toda intolerância religiosa e
espiritualista e parece ser a prática comum.
Entretanto, sabemos que assumimos uma dada religião muito
mais por herança cultural do que a partir de uma escolha pessoal legitimada
através de uma reflexão aprofundada. Ou seja, se nascemos no Japão é
provavelmente que nos tornemos budista ou se nascemos em Israel nos tornemos
Judeu ou se em algum país árabe venhamos a ser muçulmanos ou num país cristão, cristão,
etc, etc.
Há uma grande diferença entre crença e fé. Fé é uma certeza
interior que surge em nós de forma absoluta e inabalável e crença é sempre construída
e/ou herdada, ou seja, crença é algo passada de uma pessoa a outra e não ocorre
de forma espontânea e natural como a fé.
Como podemos ousar falar sobre iluminação e planos espirituais
sem termos atingidos estas condições?
É de supor que, para falar sobre o mundo espiritual e
iluminação, então, deve-se saber tudo sobre isto. Não, não é verdade, ao
contrário. Então, como podemos ter ou formar alguma ideia a respeito do mundo
espiritual e da iluminação? Todos nós dispomos de uma ferramenta infalível para
fazermos deduções a respeito deste tema tão profundo e complexo.
Ora, a partir do próprio mundo manifesto e suas leis podemos
deduzir e formar uma ideia bastante segura a respeito deste assunto. Para se chegar a estas deduções cada um de nós
dispõe de um instrumento e de uma ferramenta de conhecimento: a nossa própria
consciência. É através dela que devemos investigar a ciência destas deduções.
Ou seja, qualquer um de nós pode chegar às mesmas deduções e alcançar as suas
próprias conclusões.
As formas de olhar um defunto, por exemplo, de um muçulmano, de
um indu, de um cristão católico, de um cristão evangélico, de um cristão
kardecista, de um budista, de um umbandista e de um ateu materialista são muito
diferentes.
Contudo, há algo que independente de crenças e opiniões relativas
é comum a todos nós: a consciência. E, é justamente a partir da consciência que
vamos estudar os fenômenos que nos dispomos a entender.
Há algo que a natureza nos oferece e que é comum para todos
nós e, portanto, independe do que aprendemos através de livros e informações
passadas por nossos ancestrais e que nos traz informações seguras que é a nossa
consciência. Ela é o ponto convergente para nos entendermos e compreendermos a
verdadeira natureza das manifestações naturais. Por exemplo, se estivéssemos
numa dada praça, numa certa cidade de certo país, a tal hora e tal dia e
olhássemos uma mesma árvore, teríamos muitos pontos convergentes que não
gerariam nenhum tipo de discordância. Afirmaríamos absolutamente concordantes
que estaríamos ali, naquele dia e hora. Estaríamos igualmente inseridos dentro
de um mesmo tempo e espaço e isto não restaria dúvida para ninguém participante
deste instante de observação. Entretanto, a forma de descrever e traduzir o
sentimento do que está sendo visto seria muito diferente para cada um, mas
apesar disto, o fato é que estaríamos num mesmo lugar, no mesmo dia e mesma
hora. Ninguém em sã consciência pode afirmar que está em outro lugar estando
naquela praça ou que está em outro tempo. O que nos coloca no tempo e espaço é
a nossa consciência objetiva através dos nossos sentidos físicos (tato,
paladar, audição, olfato e visão). Se fecharmos os olhos, por exemplo (usando
apenas um dos sentidos físicos), nossa noção de tempo e espaço se perde e não
conseguimos mais ter ideia de profundidade, luz, cores, dimensão e perdemos
também a referência de tempo. Não saberíamos se se passou um ou dez minutos. Ou
seja, o tempo e espaço estão condicionados à nossa consciência objetiva.
Ora, ao morrermos naturalmente perdemos estes sentidos (o
tato, o paladar, o olfato, a audição e a visão) e, portanto, o falecido não
pode vivenciar o tempo e o espaço, pois, já não existe uma consciência objetiva
que os captem. Ou seja, num plano onde não haja tempo e espaço não há
movimentos, pois, o movimento só ocorre no tempo e espaço, ou seja, em nossa
consciência objetiva e ela deixa de existir na morte do corpo físico.
Dizemos que algo se move quando a distância entre as coisas
se altera no decorrer do tempo. Só a nossa consciência objetiva capta o
movimento. É assim que o tempo passa a existir para nós. Vida é movimento,
portanto, o movimento (a ação) só ocorre na consciência encarnada, quando
vivenciamos o tempo e o espaço através da consciência objetiva nos dada pelos
sentidos físicos. Consequentemente, enquanto seres desencarnados estamos em
repouso. Ou seja, os seres desencarnados não se movem, pois, para se mover
precisariam estar dentro do plano manifesto utilizando a consciência objetiva,
porém, ela se desfaz na dissolução do corpo físico. Podemos deduzir que a
maioria dos falecidos não intervêm em nosso mundo objetivo, do tempo e espaço,
pois, não têm consciência deste. Isto implica deduzirmos também que ainda,
enquanto não atingimos a iluminação não alcançamos a plena auto consciência.
Somos seres embrionários cósmicos.
Outro dado importante para ressaltar é que as lembranças de
encarnações passadas somente são lembranças “vidas” manifestas. Ou seja, como
nos planos espirituais não existe movimento, não existe ação, então, não existe
memória e, portanto, lembranças, pois, nada houve neste plano.
Nascemos porque num certo estágio, enquanto, não alcançamos a
consciência da eternidade, somos impulsionados ao movimento e é o movimento que
nos faz evoluir.
Ora, ao fecharmos os olhos, por exemplo, nossa consciência se
mantém além do tempo e espaço e se ela transcende ao tempo e espaço, então, não
depende destes para existir e, portanto, o tempo e o espaço são apenas níveis
de nossa consciência, o que significa dizer que nossa consciência não depende
do tempo e espaço para existir.
Contudo, ao sair da relatividade do tempo e espaço, a nossa
consciência entra no plano do eterno presente e, assim, deixa de ser específica
como, por exemplo, homem/mulher, criança/adulto, rico/pobre, doutor/iletrado,
branco/negro, alto/baixo, etc. Ou seja, nos planos espirituais não existem o
macho e a fêmea, o jovem ou velho, o culto ou inculto, o gordo ou magro, etc.
Isto são condições atreladas às manifestações físicas e, naturalmente, as
perdemos quando perdermos o corpo físico com a morte.
Mas, para permanecermos no plano do eterno presente implica
que o tenhamos alcançado plenamente esta consciência quando estamos encarnados.
Isto implica deduzirmos que cosmicamente (ou espiritualmente) ainda não
nascemos. Ou seja, somos embriões cósmicos. Preparamo-nos para o nascimento
espiritual pleno através da vida, do viver. Na medida em que encarnamos a nossa
consciência vai se abrindo até atingirmos a consciência cósmica, então, e só
então, entramos definitivamente na mente divina e alcançamos o eterno presente
de forma absoluta.
Então, que tipo de consciência podemos ter no mundo
espiritual? Evidentemente, para ter a plenitude da consciência no mundo
espiritual precisamos estar despertos, caso contrário, não perceberemos nada
além de nós mesmos e, em certo grau. Ou seja, no mundo espiritual vivemos
fechados em nosso próprio mundo sem nos darmos conta da abrangência da
consciência, aquela que abarca um universo além do nosso exclusivamente.
Falando de uma forma mais clara, vivemos para pudermos
despertar, ou seja, alcançar a iluminação e, assim, nascermos de fato no mundo
espiritual, senão permaneceremos em estado embrionário espiritualmente.
Evidentemente, neste caso, não influenciamos ninguém, pois, sequer sabemos da
existência de outros planos, como é o caso do plano material atrelado ao tempo
e espaço.
Vale salientar também que toda vez que mudamos de plano
precisamos atravessar o umbral e este umbral é os nossos medos e crenças e sem
nos livrarmos de toda superstição não podemos ingressar finalmente no eterno
presente e nascermos no absoluto. Sem fazermos esta passagem livres estaremos
sempre transitando no plano da relatividade do tempo e espaço.
Seja de forma transcendente ou das limitações do universo
sensorial, só podemos apreender alguma coisa através de nossa consciência. É,
portanto, através dela (a consciência) que vamos tentar entender e apreender o
mundo espiritual e a necessidade da iluminação. Falamos na existência do
absoluto apenas e tão somente por dedução já que não podemos alcançar o
absoluto se estamos envolvidos na relatividade do tempo e espaço da manifestação.
Para transcendermos os limites da consciência objetiva primeiro fechamos os
olhos, tentamos ficar em silêncio para ir além do tempo e espaço e, assim, nos
harmonizarmos com planos espirituais superiores. Ou seja, o melhor meio para
transcendermos o tempo e espaço é a meditação.
Como disse São Francisco de Assis: “e é morrendo que
se vive para a vida eterna.”
Hideraldo Montenegro
leia o livro O DEMÔNIO DE CADA UM DE NÓS
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